Quando não somos a primeira-bailarina

A Carol e a Heydi já contaram em seus blogs que a Audrey Hepburn também fez ballet. Não só, ela queria ser bailarina profissional.

No filme The Audrey Hepburn Story – a sua cineobiografia, interpretada pela Jennifer Love Hewitt. Não assistam, é de chorar de ruim – há a cena em que ela desiste da carreira. Está lá, sozinha, fazendo os exercícios na barra e sua professora diz que ela não tem técnica nem físico para ser primeira-bailarina. Ela desiste e, bem, o restante da história a gente nem precisa contar.

Lembrei disso porque, muitas vezes, nos empenhamos loucamente para sermos as grandes bailarinas. Mesmo quem tem a clara consciência de que jamais será a estrela de uma grande companhia, quer ser a primeira-bailarina da própria escola, da turma, das conhecidas. Quer provar, o tempo inteiro, que ela pode sim ser “a” melhor. Quantas primeiras atrizes, pintoras, escritoras, estilistas, musicistas estão escondidas em bailarinas do segundo escalão? Várias.

Parece cruel, e é. Mas é verdade.

Com isso, resolvi pesquisar a cena do filme em que ela e sua professora conversam. Não encontrei, mas havia uma surpresa ainda maior: a própria Audrey Hepburn dançando ballet no filme The Secret People.

Sejamos sinceras, sua professora tinha razão. E daí? Fiquei imensamente feliz em ver essas cenas. Não perderei mais o meu sono por não alcançar o que seria exigido de mim. Eu realmente não sou a primeira-bailarina. Não tenho o talento, a técnica e o físico necessários. Ótimo! Posso ser a primeira-outra-coisa e ser reconhecida por isso. E continuar dançando ballet assim, sem pretensão, mas linda e sorrindo no final.

18 comentários sobre “Quando não somos a primeira-bailarina

  1. Olá eu sou Meg Sisant e acabei de escrever um livro sobre a dança que é minha grande paixão embora eu não seja bailarina, mas eu amo dançar! Você lançou o seu livro pela editora “clube dos Autores”, foi legal? O que vc tem a me falar sobre a editora?

    segue meu e-mail:megternura@hotmailcom

    1. Meg, demorei tanto tempo para responder que, provavelmente, você já lançou o seu livro, não é? Mesmo assim, te escreverei depois. Beijos!

  2. Eu sou bailarina também, danço muito, muito mesmo. Nós, mais do que ninguém sabemos que o ballet clássico nos proporciona 10% de alegria e 90% de decepção, mas isso tudo a gnt faz por prazer, porque gostamos disso. Prazer não quer dizer que a gente não se machuca, que nossos pés as vezes são de dar pena mesmo, tooodas as horas que nós poderiamos está numa baladinha, mas não! Estamos ali, sobre aquele chão, imaginando aqueles aplausos, ou não! Temos sim esse pessimo vicio de procurar só o lado ruim, e eu não sei com vocês, mas isso vai para o meu lado pessoal também! Eu sempre procuro defeitos, quero ser perfeita, e as vezes vou além do que meu corpo aguenta, porque no ballet é assim, o seu corpo não tem direito de exigir um limite, por que? Ah, porque você é bailarina! Como minha professora disse uma vez “O mundo é dividido entre seres humanos e bailarinos” E bailarinos não são seres humanos? Mas a gnt tá lá, disposta a tudo sempre, mesmo sabendo que as chances de vir a ser uma primeira bailarina são minimas, mas poxa, o importante é você dar o máximo de si, se dedicar e amar, nem todo mundo pode ser a primeira-bailarina, porque se não os elencos não existiam, e pra vc fazer algo, você tem que ser a melhor? Claro que não. Se ficar pensando assim, a sua vida vai ser sempre uma frustração. Mas mesmo sem ser a melhor, a gnt faz, se esforça, sofremos, porque sabemos QUE O MUNDO VISTO DA PONTA DAS SAPATILHAS É BEM MELHOR QUE O VISTO DO CHÃO!

  3. Ah, você é a primeira-a-escrever-um-blog-que-amo hahaha. Não sei porque essa coisa de companhia está sempre no ar,até parece que não coisas boas pra se fazer fora dela. Pra mim não há diferença entre dançar pra 3 mil pessoas ou para 10. O importante( e o bom) é dançar!

  4. Tbm adorei o post!!
    o meu maior sonho é ser uma bailarina profissional,faço baallet e tenho 12 anoos eu estou fazendo meu 4º ano de ballet .sei q naum danço vbem,naum tanho potencial pra isso,mas me dedico mt para seer uma grande bailarina..
    mas se puder me ajudar , minha mae sempre fala q ballet naum vai me levar a lugar nenhum, ela fala q eu danço bem , mas nuam o basatante para ser um bailarina profissional,ela qer me tirar do ballet e me por no ingles para eu ter um futuro melhor . enaum temos muita condiçao para bancar os 2,eu naum qeria sair do ballet, e qd penso nisso eu ate choro…

    bjos .*

    1. Laura, diga à sua mãe que você pode falar inglês fluentemente em qualquer idade da sua vida. Mas no ballet clássico, a idade influencia sim o seu desempenho. E sobre o seu futuro, ainda falta um tempo para você começar a trabalhar e dependendo do que você fizer, inglês não fará diferença. Eu, por exemplo, sou revisora de textos de língua portuguesa. 😉

      Beijos.

  5. Mas e se todo mundo pensar assim?
    E não explorar seu máximo no ballet?
    o que serão das primeiras bailarinas?
    Quem realmente ama o ballet, vai querer DANÇAR sempre, e nunca pensar como você pensa. Você pode não ser uma primeira bailarina, porém se ama o ballet vai querer sempre se aperfeiçoar

    1. Marcela, em momento algum eu falei de ausência de aperfeiçoamento. A questão é que, vamos ser sinceras? São poucas as que realmente serão primeiras-bailarinas, por mais que se empenhem. O seu máximo pode não ser o suficiente para ser a primeira. É preciso um misto de talento, físico, vocação e dedicação. Por ter muita gente que pensa como eu penso, há tantas bailarinas no mundo. E por tanta gente pensar em ser primeira-bailarina sem ter o necessário para isso, há tantas bailarinas frustradas e sem autoestima por aí.

      Grande beijo.

  6. “Toda a graça do ballet é uma cortina perfeita para esconder sua crueldade.” Querida Thaís, a sua frase foi perfeita! E temos mesmo de aprender a olhar as nossas qualidades. É difícil? Muito. Eu ainda não aprendi como deveria. Mas para quem é linda, tem costas maravilhosas, uma técnica excelente, o que é ser coxuda? Nadinha. 😉

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    Carol, herm… Ela realmente não dançava bem. Mas e daí, era a Audrey, né? Com essa beleza única, esse talento, essa graça, ela podia dançar assim tranquilamente, hehehe. E, sem dúvida, o carisma dela era impressionante. Ela é ela, não tem jeito.

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    Emily, posso discordar de você numa coisa? Não, nós não somos todas primeiras-bailarinas. Verdadeiras bailarinas nós somos sim, mas não há mal algum em não ser a primeira. Tampouco precisamos disso para ter alegria e plenitude na dança. E muito obrigada pelos comentários, por dizer sempre o que você acha e por compartilhar sua história com a gente. 😉

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    Bebel, adorei o seu comentário, você tem toda razão: “O importante é que não me proíbam de calçar minhas sapatilhas”. É isso aí! 😀

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    Oioioi, o seu caso é diferente da maioria das bailarinas que comentam aqui. Você é nova, estuda para ser profissional, almeja uma carreira. Nós não, só queremos dançar tranquilamente. No seu caso, sim, prepare-se para a competição, para a perfeição, para as mil horas de aulas, duas mil de ensaios e afins. Se é isso mesmo que você quer, estude, se dedique e boa sorte! E que dê tudo certo.

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    Aline, a cinebiografia é bem filme para televisão mesmo, sabe? E por mais que você goste da Jennifer Love Hewitt, ela não conseguiu “passar” a graça e talento da Audrey. Mas assista mesmo assim, é bacana para conhecer a história dela. Sobre as limitações, por mais que a gente se dedique, algumas coisas jamais serão superadas. Por exemplo, o meu cambré derrière é um horror. E não adianta, ele não vai melhorar porque é uma questão de constituição física. Eu posso treinar toooooooodo dia que descerei um milímetro. É bacana a gente descobrir até onde podemos ir. E sobre sermos a primeira em alguma coisa, também não acho que devemos ser, necessariamente, a primeira no que quer que seja. Comentei mesmo para a gente perceber como buscamos um caminho e, às vezes, somos realmente boas em outra coisa. O “primeira” foi só para fazer a analogia. 😉 Não se torture com isso. Aproveite o ballet na sua vida, isso é o mais importante.

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    Leticia, também não assisti a esse filme, eu encontrei as cenas bem por acaso. Achei demais vê-la dançar! E, com certeza, ela sempre teve postura de bailarina. Linda linda. E é bacana isso, a gente saber até onde o ballet ocupará a nossa vida. 😉

    Doce beijo.

  7. Cássia,
    só consegui ver as imagens hoje! Adorei! Nunca tinha visto estas cenas! Não vi este filme dela…
    Acho que muitas coisas do ballet ficaram marcadas nela, a postura, a cabeça erguida… ela é linda!
    Sou exigente, mas sei até onde o ballet ocupará a minha vida…
    Beijos
    lelê

  8. Adorei o post! Admiro muito a Audrey, adoro seus filmes e seu jeitinho singular! Uma pena que a cinebiografia dela seja ruim como você disse, eu até gostaria de assistir porque também gosto bastante da atriz Jennifer Love Hewitt.
    Pois é, eu sou uma pessoa muito exigente comigo mesma, então busco coisas muitas vezes inatingíveis. Sempre tento me superar no ballet, mesmo sabendo de algumas limitações (por exemplo, meu alongamento é péssimo). Mas é uma coisa mais para provar para mim mesma que sou capaz, porque a verdade é que morro de vergonha quando alguém me elogia por alguma coisa que eu faça (fico feliz, claro, mas morrendo de vergonha!). Ainda estou tentando achar esta “coisa” na qual poderei considerar-me “primeira”, mas sem dúvida seu post me deu um ânimo a mais para seguir buscando.

  9. pra falar a verdade, tenho 13 anos e estou justamente na fase de ‘quero entrar em um companhia profissional’. E juro que estou perseguindo esse sonho seriamente. mas sei lá, o que garante que eu vou conseguir, esse mundo do ballet é MUITO competitivo!!!

  10. Amei esse post!!! Falou muito bem, adorei a parte “ballet assim, sem pretensão, mas linda e sorrindo no final” é isso que sou… uma bailarina sem pretensão, e muito feliz!!
    Para mim não importa ser primeira ou segunda ou terceira ou quarta… o importante é que não me proíbam de calçar minhas sapatilhas…rsrsrsrsrsrs

    beijos

  11. Você têm toda a razão Cássia!
    Ás vezes,só pensamos em ser a tão sonhada Prima-Ballerina e nós trabalhamos e trabalhamos feito loucas por um objetivo que talvez nunca seja o verdadeiro para nós.Nunca ficamos felizes com nosso desempenho e concordando com a Thaís,acho que devemos dar valor naquilo que temos de melhor,seja uma perna alta ou não.

    Concordo também com vc Cássia de que talvez em nós haja, atrizes, pintoras, escritoras, estilistas, musicistas escondidas em bailarinas do segundo escalão que não vêem que podem ser muito mais sem ter que ficar se preocupando em mostrar pros outros o quão boas são no ballet.

    SEM NEURA DA PRIMEIRA BAILARINA!!!!!!

    Assim como vc eu também não sou a primeira bailarina.Não tenho o talento, a técnica e o físico necessário,mas nem por isso deixo de me sentir como tal,apesar de ter parado com o ballet.A verdadeira Prima -Ballerina está dentro de nós.Só de estar no ballet já é motivo de grande alegria.Não pretendo ser bailarina profissional.Gosto de dançar simplesmente pelo prazer da música,pela beleza dos passos,pela sincronia do corpo,pelo sentimento de paz e alegria sem iguais que ele me traz.
    O ballet para mim é mais que grandes apresentações e companhias.É na verdade
    minha vida e paixão.

    Todas as bailarinas aki fiquem sabendo que todas são primeiras bailarinas,sejam profissionas ou não,pois a verdadeira primeira bailarina é aquela que apesar dos comentários alheios,das dificuldades e pedras no caminho estão lá pelo amor a dança e cada dia superando limites e barreiras,impostos pela sociedade,cada uma a seu tempo.

    Um beixo grande em todas as bailarinas que postam nesse maravilhoso blog e em especial na Cássia,pois vc a cada post da uma chama de esperança e alegria para todas nós.

    Fikem com Deus!!!

  12. Excelente exemplo, Cassinha! E é bem isso mesmo: toda a graça do ballet é uma cortina perfeita para esconder sua crueldade. Hepburn podia não ser uma exímia bailarina, mas era uma graça como atriz!

    Fora isso, preciso tornar público algo que vc. escreveu e que me tocou imensamente! Bailarinas têm o péssimo hábito de observar apenas seus defeitos. Precisamos mudar o olhar e valorizar aquilo que temos de melhor. Se não é uma perna alta, é a graciosidade. Se não é o equilíbrio perfeito, é o movimento preciso dos braços. Se tem coxas grossas, tb há costas maravilhosas e bem trabalhadas.

    Enfim… Esse post é um serviço público para aumentar nossa auto-estima!

    Parabéns!

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