Curso livre e curso regular

Antes de mais nada, é importante ressaltar: a meu ver, ballet deveria ser feito todo dia. Também acho que a formação de uma bailarina se dá pela vida inteira. Quando dizem que uma vez bailarina, sempre bailarina, é verdade. Além disso, falo aqui sobre os estudos de ballet pela minha visão de aluna, de alguém que começou quase aos 28 anos de idade.

Um curso regular, basicamente, tem duração de 8 anos. Geralmente, as escolas de cursos regulares seguem o Método Royal ou o Método Vaganova, quando não uma mistura dos dois. Um é separado por anos, o outro por graus, mas o tempo de estudo é praticamente igual. Ao final do curso, depois de exames e demais avaliações, a bailarina é considerada profissional.

Um curso livre tem duração variável, mesmo tendo como base a grade curricular de um curso regular. Geralmente é dividido em módulos, sendo básico, intermediário e avançado. Não há exames, boletins e a bailarina não receberá nada que lhe confira a profissionalização.

Comecei em um curso livre e, na minha turma, havia cinco alunas. Eu era a única que nunca tinha dançado na vida. Era a inexperiente, com duas que fizeram balé por um semestre e outras duas com experiência em dança. Acho isso bom? Nem um pouco, mas falarei sobre turmas mistas em outro post.

A turma era, em tese, de 1º e 2º ano. Depois de um semestre, passei para uma turma de 3º e 4º, além de entrar também em outra turma, de 1º e 2º. Daí, um dilema: em uma turma eu estava avançada, na outra eu estava atrasada. Eu me sentia absolutamente perdida nas duas. Cansei do curso, me desentendi com a professora, e mudei de escola.

Em 2008, comecei um curso regular, desde o 1º ano. Grade curricular fechada, boletim, obrigatoriedade do uso de uniforme, notas de técnica e disciplina, exame no fim do ano. Agora estou no 2º ano, depois de um “aprovada” no boletim.

Qual dos dois eu prefiro? Nenhum. Uma criança, quando começa aos 8 anos, se forma aos 16. O seu corpo cresce juntamente com o ballet em sua vida. Esses anos passam e ela não sente. Além disso, tem o tempo necessário para se dedicar e se desenvolver da melhor forma.

Alguém que começa aos 20 anos, quando chega aos 28, provavelmente passou por uma, ou várias, dessas situações: faculdade, ingresso no mercado de trabalho, relacionamento sério, viagem longa, possibilidade de casamento, mudança de emprego, primeiro filho. E se começa aos 30? Todas essas coisas se intensificam. O ballet só será uma das suas prioridades se a bailarina for uma profissional da área, seja na dança ou no ensino.

Além disso, ficamos um ano nos mesmos passos, nas mesmas coisas, uma eternidade. O lado bom, não posso negar, é o domínio da técnica. Porém, há uma série de exigências estranhas a uma mulher adulta. Sim, o ballet exige disciplina, mas o seu uniforme ser tão importante quanto a sua dedicação é um pouquinho demais. Talvez isso acabe sendo importante para deixarmos o orgulho de lado e saber que, em algumas coisas, vale a mesma medida para todo mundo.

Dessa forma, o meu curso ideal é um curso livre tão regrado quanto um curso regular, e que a base da exigência seja apenas o currículo. Afinal, não tenho pretensões profissionais, mas quero dançar a vida inteira e da melhor maneira que eu puder.

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Para quem quiser saber mais, os sites do Royal Academy of Dance e da Vaganova Ballet Academy.

22 comentários sobre “Curso livre e curso regular

  1. Já tive a oportunidade de fazer os dois tipos de curso e prefiro mil vezes o curso regular, você se sene mais profissional e realmente sabe que está aprendendo cada vez mais e se tornando cada vez melhor, com mais técnica, disciplina… No próximo semestre, se eu passar nas provas, irei para a turma intermediária de clássico, estou ansiosa para viver em cima das pontas, pois no iniciante é só uma vez por mês rs

  2. Boa noite Cássia,

    eu como as outras pessoas que comentaram, adorei seu blog! Não só pela sua capacidade de escrita, mas principalmente por me sentir na mesma situação.
    Eu amo dança, já fiz alguma coisa por conta própria mas de maneira informal e disperso ao longo da vida. Estou com 27 anos e muitas vezes sinto que ingressar numa carreira de balé é inviável. Tampouco sei se é isso mesmo que quero. Mas sei que amo dançar e meu corpo pede isso para se expressar, sabe?! Detesto esses cursos de academia (que nem se quer chamaria aquilo de dança).
    Gostaria de um curso de dança que fosse sério o suficiente para me envolver, para ser um treino físico e que supra minha vontade de dançar de maneira mais séria; mas que ao mesmo tempo não seja um curso profissionalizante a ser levado tão a sério assim, afinal de contas tenho uma outra vida que não o balé.
    Estou a meses procurando esse curso e está difícil de encontrar, até por que teria que ser algo que pudesse fazer de manhã cedinho, antes do trabalho. Procurei seu link “escolas de ballet” aqui no blog mas não achei. Você teria alguma sugestão? Estou na zona sul de SP.

    Obrigada!

  3. Oi Cássia,

    Adoreei o seu blog!! Eu também adoro ballet!
    Sempre gostei de ballet, estou com 30 anos e estou iniciando o ballet agora, só que é livre (em 2005 fiz um ano livre também).
    Fiquei interessada em fazer um curso regular, mas não encontro.
    Eu sou de São Paulo, você poderia postar o nome da sua escola ou enviar para o meu e-mail: eneida.souza@gmail.com.

    beijos

    e parabéns pelo blog!!

    1. Eneida, eu estou sem fazer aulas há vários meses. E na mais recente onde estudei, o curso não era regular (não sei como está agora, mas não era). No canto direito do blog, clique no banner “escolas de ballet”, há uma lista de estúdios em São Paulo e vários com cursos regulares. Você vai encontrar uma escola bacana. 😉

      Beijos.

  4. Obrigada pela informação! Gostaria de dizer que amei o seu blog! achei ele por acaso quando estava fazendo uma pesquisa sobre ballet e desde então recorro a ele quando tenho duvidas sobre algum assunto.
    Não sei se posso perguntar isso(se não der para responder desconsidere essa parte e me desculpa pela intromissão), mas você é de São Paulo né?! onde você faz ballet? pois realmente a mensalidade que você paga é barata, eu pesquisei em uma escola de São Paulo e o curso custava R$ 250,00. Obrigada. beijinhos… Amo esse blog.

    1. Lilian, imagine, pode perguntar. No momento, estou sem aulas. Há uns bons meses já, na verdade, e pretendo voltar ano que vem. Mas posso te dizer que há escolas pela metade desse valor, viu?! Depende muito do nome da escola e da localização. Escolas mais distantes do centro ou dos considerados bairros nobres costumam ser mais baratas, mas não necessariamente inferiores. Um jeito bacana é selecionar algumas escolas, fazer uma aula teste e analisar se você gostou. E eu mesma já cheguei a pagar R$ 100 de mensalidade, duas aulas por semana, em uma ótima escola. Por isso, procure que você encontrará uma escola mais acessível.

      Beijos.

  5. Boa tarde pessoal! Tenho 24 anos e sou de São Paulo. Estou doida procurando um curso de ballet clássico regular pra minha idade e que eu pudesse começar desde o primeiro nível. Alguém sabe de alguma escola que seja boa e que ofereça cursos regulares para minha idade? Quero um curso que seja realmente bem regrado e que seja obrigatório o uso de uniforme e tudo mais. Obrigada. Um beijinho.

    1. Lilian, no canto direito do blog, há um banner chamado “escolas de ballet”. Há uma lista de estúdios que dão aula de ballet para adultos. Como não sei qual bairro é mais acessível para você, passe por lá, provavelmente você encontrará uma boa escola.

      Grande beijo.

  6. Acabei de postar esta dúvida no meu blog, de acordo com a postagem meu curso é livre, mais estou me sentindo deslocada, pq não estou acostumada com este tipo de curso, não sei o que fazer…

    1. Helena, mas o que te incomoda no curso? Se você começou no ballet em um curso mais “regrado” como é o regular, entendo como é difícil para você, porque para mim também foi. Talvez, se isso te incomoda tanto, é melhor você fazer um curso regular. Ou, pelo menos, um curso livre que seja todo regradinho, com turmas bem definidas de iniciante, intermediário e avançado. Se não é nada disso o que te incomoda, me conte o que é e dá para pensar no que fazer. 😉

      Grande beijo.

  7. Olá Xará!
    Agora vi sua resposta!
    Hum… estamos ensaiando todas as aulas pro festival. A música é linda, tem um som de flauta bem forte e dá pra fazer muitos movimentos com os braços… hehe…. não sei muito o q falar… e dos nomes técnicos tb do balé… ainda estou começando.. mas o que posso te adiantar é q está ficando linda, música com emoção e coração. Depois se der pra te mostrar…
    Obrigada pela resposta e pela docilidade…

    Um abraço e boas aulas!
    🙂

  8. Jessy, mas de onde você é? Onde faço não há restrição de idade para o curso regular. E lá tem uma turma que está no 3º ano e começará o uso de ponta em junho/julho. E nem se preocupe com a recriminação, porque gente de mente fechada é assim mesmo. Quando a maioria absoluta das alunas forem mulheres adultas e não pimpolhas do ensino fundamental, eu quero ver onde essas escolas vão parar. E muito obrigada! A admiração se estende a todas não que não largamos a sapatilha nunca, hehehe.

    Imenso beijo.

  9. era BEM ISSO q eu queria, das duas, uma: ou um curso livre q seja tao rigoroso qto um regular, ou um curso regular q me aceitasse com a minha idade (to com 28, comecei com 26, seria o terceiro ano de estudo, ou equivalente ao Basico II/ iniciaçao as pontas)… mas tah tao dificil… contei o q me aconteceu no meu ultimo post em meu blog… to me sentindo muito discriminada, mas ainda consigo chegar onde quero! hehehehehe… Jah te disse q te admiro pela tua garra e por nunca desistir do seu sonho? entao tah dito!

    Bjos lindona!

  10. Nossa, Thays, 400 reais! Eu pago 105 no curso regular, que segue o método Royal e Vaganova. Comoassim? Muito caro! Poxa, e que chato isso, trocar tanto assim de professor. Ainda mais que você já está na ponta, tem de ter acompanhamento constante. Onde você mora? Quem sabe a gente encontra um lugar bacana para você estudar! 😀

    Beijos.

  11. Não tem 😦
    Eu participo de um projeto de extensão da universidade em que me formei. Lá o curso era gratuito (agora terá mensalidade de 30 reais).
    A escola mais conceituada que segue o método royal na minha cidade tá quase 400 reais a mensalidade… o salário que eu ganhava qndo tava empregada, imagine!
    Os outros que conheço, que tem curso regular, beira os 200 mensais, mas como to sem emprego fixo… sem chances.
    Mas no curso do projeto de extensão tem professores ótimos! Pena que a turma de ballet clássico vive passando por turbulências e trocas de professores… Esse ano até desistiram do ballet pra adultos…
    Nunca consegui trabalhar exercícios com ponta de maneira contínua por causa disso e provavelmente só depois de ter condições pra pagar uma escola de dança pra conseguir… :((

  12. Thays, isso sim, no fim do ano os passos estão bem mais limpos, mas isso se deve muito mais pelo empenho e repetição. Eu comecei o primeiro ano fazendo uma aula por semana e terminei fazendo três e isso fez uma imensa diferença! Ah, mas não vejo o curso livre como uma coisa largadinha não, tem de ter regras igual ao curso regular, com a diferença de não ter notas e exames e afins. Só! O restante, tem de ser beeeeeeeem pegação no pé, senão a gente não evolui não. 😉 Não tem curso regular na sua escola?

    Beijos.

  13. Sempre fiz curso livre e MORRO de vontade de fazer um curso regular.
    Mesmo que seja repetitivo (vc colocou que ficam um ano com os mesmos passos), acho que isso ajuda bastante a “limpar” a técnica.
    Talvez eu pense assim pq nunca tive a oportunidade de fazer um regular… mas como sou espontaneamente indisciplinada e procrastinadora crônica essa rigidez me ajuda a lidar com outros aspectos da minha vida tb…

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